Tuas mãos sangrentas
acariciam as fácies virulentas
das crianças apostemadas
pela tua indignidade...

Tuas mãos sangrentas
alimentam com fast-food,
as bocas famintas, sedentas
da tua ignomínia caridade...

Tuas mãos sangrentas
caem pesadas em defesa
dos povos fustigados, assolados
por tua própria iniqüidade...

Tuas mãos sangrentas
estabelecem, à força,
a estátua pétrea
da tua especiosa liberdade...

Tuas mãos sangrentas
unem-se em prece,
infligindo o poder do teu deus
a todas as comunidades...

Tuas mãos sangrentas
instituem brutalmente a justiça,
onde antes, semeaste
emética desigualdade...

Tuas mãos sangrentas
acionam habilmente gatilhos,
numa atitude bélica,
genocida e covarde...

Tuas mãos sangrentas
sepultam despojos
em horrendos ossuários
buscando dissimular a verdade....

Tuas mãos sangrentas
colhem os louros das vitórias
sobre as genuflexas vítimas
de tua letal improbidade...